Cusco, localizada no coração da cordilheira dos Andes, é um dos destinos mais fascinantes da América do Sul. Além de ser a antiga capital do Império Inca, a cidade serve como ponto de partida para explorar uma série de lugares históricos, naturais e culturais que estão espalhados em seu entorno. Conhecer os arredores de Cusco é mergulhar em uma viagem cheia de descobertas arqueológicas, paisagens montanhosas e tradições vivas que encantam qualquer viajante.

Vale Sagrado dos Incas
O Vale Sagrado é uma região fértil e rica em história, localizada entre Cusco e Machu Picchu. Ele abriga diversas cidades e sítios arqueológicos que revelam a grandiosidade da civilização inca.
Pisac
Pisac é conhecida por dois motivos principais: seu impressionante sítio arqueológico e seu mercado de artesanato. As ruínas estão localizadas no alto de uma montanha e oferecem uma vista panorâmica do vale. É possível explorar terraços agrícolas, templos e túneis escavados na rocha.
O mercado de Pisac, por sua vez, é um excelente local para comprar lembranças e peças de artesanato andino, como têxteis, cerâmicas e joias de prata.
Ollantaytambo
Ollantaytambo é uma das poucas cidades incas que continuam habitadas desde os tempos antigos. Suas ruínas incluem uma imensa fortaleza com terraços, templos e canais de irrigação. A cidade em si mantém o traçado urbano inca, com ruas estreitas de pedra e canais de água correndo entre as construções.
Além de seu valor arqueológico, Ollantaytambo é ponto estratégico para quem segue para Machu Picchu, pois dali partem trens que levam até Águas Calientes.
Chinchero
Chinchero é uma vila que combina ruínas incas, uma igreja colonial construída sobre um templo pré-colombiano e centros de artesanato têxtil. É um dos melhores lugares para observar técnicas ancestrais de tecelagem e tingimento natural de lã de alpaca. A feira de domingo atrai visitantes interessados em cultura e tradição.
Moray
Moray é um conjunto de terraços circulares que formam depressões no solo, possivelmente usadas pelos incas como laboratório agrícola. As diferenças de temperatura entre os níveis sugerem que eles testavam o cultivo de diversas espécies em microclimas distintos. O cenário impressiona pela simetria e pela engenhosidade técnica da civilização inca.
Salinas de Maras
Próximas de Moray, as Salinas de Maras consistem em milhares de pequenas piscinas de evaporação de sal que são utilizadas até hoje por famílias locais. A vista das salinas em tom esbranquiçado, com as montanhas ao fundo, é um espetáculo natural imperdível. O sal extraído dali é considerado de excelente qualidade e está disponível para compra.
Montanha Arco-Íris (Vinicunca)
A Montanha Arco-Íris, conhecida localmente como Vinicunca, ganhou fama internacional por suas faixas coloridas naturais, formadas por minerais sedimentares. Localizada a cerca de 5.200 metros de altitude, é necessário fazer uma caminhada desafiadora para alcançá-la, mas a paisagem compensa qualquer esforço.
O passeio exige adaptação à altitude e boa condição física, mas muitos visitantes consideram essa uma das experiências mais marcantes da viagem ao Peru. Agências locais organizam saídas diárias, com transporte e guia incluídos.
Laguna Humantay
A Laguna Humantay é uma joia escondida nos Andes peruanos. Suas águas turquesas, localizadas aos pés da montanha nevada Humantay, formam um cenário de rara beleza. O lago é considerado sagrado pelos povos locais e é visitado tanto por sua espiritualidade quanto pela paisagem.
A caminhada até a lagoa leva cerca de 1h30, partindo de Soraypampa, e exige preparo físico devido à altitude (4.200 metros). Mesmo assim, é um destino cada vez mais popular entre os aventureiros que desejam uma experiência autêntica e menos turística que Machu Picchu.
Sítio Arqueológico de Tipón
Tipón é um dos exemplos mais fascinantes de engenharia hidráulica dos incas. O local apresenta uma série de terraços e canais por onde a água corre com perfeição até os dias atuais. Acredita-se que Tipón tenha sido um centro agrícola experimental ou um jardim real.
Por estar menos explorado turisticamente, o sítio proporciona uma visita tranquila, com tempo para contemplar os detalhes arquitetônicos e o som da água correndo entre as pedras. Fica a cerca de 25 km ao sul de Cusco e pode ser combinado com outros pontos na Rota Sul.
Sítio Arqueológico de Pikillacta
Pikillacta é um sítio arqueológico pré-inca, pertencente à cultura Wari, que dominou partes do Peru antes dos incas. A cidade antiga possuía ruas bem organizadas, praças e edifícios de vários andares. Diferente das construções incas, Pikillacta utilizava pedras menores e argamassa.
A visita a Pikillacta é uma oportunidade de entender a diversidade cultural da região antes da ascensão dos incas. Está localizada ao sul de Cusco e pode ser visitada no mesmo dia que Tipón e Andahuaylillas.
Andahuaylillas
Conhecida como a “Capela Sistina das Américas”, a Igreja de San Pedro de Andahuaylillas impressiona pelo interior ricamente decorado com afrescos, pinturas coloniais e altares dourados. O templo foi construído no século XVII sobre uma antiga construção inca, o que ilustra o sincretismo religioso peruano.
A vila em si é charmosa, com uma pequena praça central, mercados de rua e casas coloniais. Andahuaylillas faz parte da Rota Sul de Cusco, junto com Tipón e Pikillacta.
Q’eswachaka – A última ponte inca
Q’eswachaka é uma ponte suspensa feita de fibras vegetais (ichu) que é reconstruída anualmente por comunidades locais seguindo técnicas tradicionais incas. A ponte atravessa o rio Apurímac e simboliza a ligação entre o passado e o presente andino.
O evento de reconstrução ocorre em junho e é um espetáculo cultural autêntico. Mesmo fora dessa época, visitar Q’eswachaka é uma experiência marcante. A ponte fica a cerca de 160 km de Cusco e o trajeto inclui paisagens montanhosas e pequenas comunidades camponesas.
Vale do Sul de Cusco
O Vale do Sul é uma rota menos turística, mas riquíssima em história e paisagens naturais. Além dos sítios já mencionados (Tipón, Pikillacta e Andahuaylillas), o vale abriga pequenas vilas que conservam tradições agrícolas e culinárias dos Andes.
Explorar essa região é ideal para quem deseja fugir do turismo massivo e conhecer a vida cotidiana dos peruanos andinos, além de experimentar pratos típicos como o cuy assado (porquinho-da-índia) e o chicharrón.
Centro Arqueológico de Sacsayhuamán
Embora esteja praticamente dentro de Cusco, Sacsayhuamán merece destaque como um dos maiores e mais impressionantes sítios arqueológicos da região. Suas enormes pedras encaixadas com perfeição continuam sendo motivo de admiração e estudo.
O local teria servido como fortaleza e centro cerimonial. Do alto de suas muralhas, é possível ter uma vista panorâmica da cidade de Cusco. As celebrações do Inti Raymi, em junho, acontecem nesse local e atraem centenas de visitantes todos os anos.
Tambomachay, Puka Pukara e Q’enqo
Estes três sítios ficam próximos a Sacsayhuamán e são frequentemente visitados no mesmo dia. Tambomachay é conhecido como os “banhos do inca”, com fontes de água que correm por canais de pedra. Puka Pukara era uma fortaleza militar, enquanto Q’enqo é um centro cerimonial esculpido em rochas.
Estão localizados na estrada que liga Cusco ao Vale Sagrado e podem ser visitados com bilhete turístico válido para diversos sítios arqueológicos da região.
Trilhas Alternativas a Machu Picchu
Embora o Caminho Inca seja o mais famoso, existem outras trilhas que levam até Machu Picchu e que passam por paisagens de tirar o fôlego.
Trilha Salkantay
A Trilha Salkantay atravessa paisagens montanhosas e tropicais ao longo de cinco dias de caminhada. É considerada mais exigente fisicamente que o Caminho Inca, mas não requer permissão antecipada, o que facilita o planejamento.
Durante o percurso, os viajantes passam pela nevada Salkantay, florestas nubladas e vilarejos andinos até chegar a Águas Calientes.
Trilha Lares
A Trilha Lares é uma opção menos frequentada, ideal para quem deseja contato com comunidades tradicionais dos Andes. Embora não leve diretamente a Machu Picchu, o passeio termina com um trajeto de trem até a cidade base do santuário.
É uma caminhada culturalmente rica, com menor altitude e dificuldade que a Salkantay, e que pode incluir visitas a escolas, feiras locais e tecelãs.