A Zona Desmilitarizada da Coréia (DMZ), localizada na fronteira entre a Coréia do Sul e a Coréia do Norte, é um dos destinos turísticos mais curiosos e intensos do mundo. A área, que foi estabelecida em 1953 após a assinatura do armistício que pôs fim à Guerra da Coréia, continua a ser uma das zonas mais vigiadas do planeta. No entanto, com o passar dos anos, a DMZ se transformou em um local de visitação turística, principalmente do lado sul-coreano, onde é possível conhecer de perto essa região que divide duas nações tecnicamente ainda em guerra.
A visita à DMZ é uma oportunidade de vivenciar um pedaço da história moderna, mas também é cercada por muitas regras e protocolos de segurança. Neste artigo, vamos detalhar como é a experiência de visitar a DMZ, o que esperar durante o passeio, e quais são as principais atrações que os turistas podem explorar.
Como Funciona a Visita à DMZ
Antes de tudo, é importante saber que a visita à DMZ não pode ser feita de maneira independente. Os turistas só podem entrar na zona por meio de tours organizados, que são realizados sob rígidas normas de segurança. A maioria dos passeios parte de Seul e leva cerca de uma hora até a fronteira.
Existem diferentes tipos de tours, que variam em relação às áreas que são visitadas. Alguns incluem a chamada Área de Segurança Conjunta (JSA), onde é possível ver os famosos edifícios azuis que se situam sobre a linha de demarcação militar entre os dois países. Outros passeios podem incluir túneis escavados pela Coréia do Norte, locais históricos e mirantes que oferecem vistas da Coréia do Norte.
É necessário agendar a visita com antecedência, principalmente em passeios que incluem a JSA, já que há um número limitado de vagas por dia. Além disso, os visitantes devem seguir um código de vestimenta adequado, evitando roupas muito casuais como chinelos, calças rasgadas ou camisetas com mensagens políticas.
As Atrações Mais Visitadas na DMZ
- Área de Segurança Conjunta (JSA)
A Área de Segurança Conjunta (Joint Security Area, JSA), localizada em Panmunjom, é sem dúvida o ponto alto da visita para muitos turistas. É nesta área que ocorrem encontros diplomáticos e negociações entre as duas Coréias. Os prédios azuis são conhecidos por estarem posicionados diretamente sobre a linha de demarcação militar, com metade dos edifícios no lado sul e a outra metade no lado norte.
Aqui, os visitantes podem ver de perto os soldados dos dois países, que ficam frente a frente em silêncio absoluto. Em algumas ocasiões, é possível até mesmo entrar em um dos prédios, onde os acordos entre as duas Coréias são discutidos. Estar na JSA é uma experiência única e carregada de tensão, pois a sensação de estar em um dos lugares mais militarizados do mundo é inegável.
- Túnel de Infiltração
Outra atração popular é a visita a um dos túneis de infiltração construídos pela Coréia do Norte. Ao todo, foram descobertos quatro túneis, e acredita-se que a sua intenção era permitir que tropas norte-coreanas invadissem a Coréia do Sul em caso de guerra.
O terceiro túnel, descoberto em 1978, é o mais acessível aos turistas. Ele se estende por cerca de 1.6 quilômetros e está a apenas 52 quilômetros de Seul. Durante a visita, é possível descer até uma parte do túnel e caminhar por ele, enquanto aprende mais sobre sua história. A experiência é impressionante, pois mostra a tensão constante entre as duas nações.
- Observatório Dora
O Observatório Dora é um dos pontos mais emocionantes da DMZ, pois oferece uma visão panorâmica da Coréia do Norte. Localizado em uma colina, o observatório permite que os turistas vejam a cidade norte-coreana de Kaesong e a chamada “Vila da Propaganda”, uma cidade deserta construída para impressionar os sul-coreanos.
No local, há telescópios disponíveis para que os visitantes possam observar mais de perto a paisagem do país vizinho. Embora seja difícil ver muita atividade, é uma experiência visual impactante estar tão próximo de uma nação tão isolada.
- Estação de Trem Dorasan
A Estação de Trem Dorasan é outro local simbólico dentro da DMZ. Essa estação, construída com a esperança de que um dia as duas Coréias sejam reunificadas, está pronta para conectar o sul ao norte por trilhos, caso as relações entre os dois países melhorem no futuro. Hoje, Dorasan é uma estação funcional, mas opera apenas trens turísticos que partem de Seul para a DMZ.
A estação é uma representação clara da esperança de reunificação, e muitos visitantes tiram fotos no local como forma de expressar esse desejo. A presença de uma estação de trem moderna em uma área tão carregada de história e conflito cria uma mistura de sentimentos de esperança e incerteza.
Protocolo de Segurança e Regras Rígidas
Durante toda a visita à DMZ, os turistas precisam seguir regras de segurança muito rígidas. As áreas que podem ser fotografadas são limitadas, e tirar fotos de militares sem permissão é estritamente proibido. Em muitos casos, os guias informam exatamente quando e onde as fotos podem ser tiradas.
Além disso, os visitantes são frequentemente acompanhados por soldados ou por guias treinados, que garantem que ninguém saia das áreas permitidas. Essas regras são necessárias para garantir a segurança de todos, já que, embora o local esteja aberto ao turismo, ele ainda é uma zona militar ativa.
Outro ponto importante a ser destacado é que a visita à DMZ, especialmente à JSA, pode ser cancelada a qualquer momento devido a tensões políticas. Por isso, os turistas são avisados de que é importante estar ciente das condições políticas antes de agendar o passeio.
Considerações Finais Sobre a Visita à DMZ
A visita à DMZ é uma experiência única, que oferece uma combinação de história, tensão política e curiosidade. É um local que simboliza a divisão mais duradoura do mundo moderno e, ao mesmo tempo, representa a esperança de reunificação de uma nação.
Para quem viaja à Coréia do Sul e se interessa pela história e política da península, a DMZ é um passeio essencial. No entanto, é importante estar preparado para um ambiente diferente de qualquer outro destino turístico. A sensação de estar em uma área tão militarizada, com soldados de ambos os lados em alerta constante, torna o passeio uma experiência emocionante e, ao mesmo tempo, surreal.
A DMZ não é apenas uma zona de conflito, mas também um espaço de reflexão sobre os impactos da Guerra Fria e as divisões que ainda persistem no mundo. Para os visitantes, é uma oportunidade de ver de perto a complexidade das relações entre as Coréias e de entender um pouco mais sobre a história dessa região tão marcada pela guerra e pela diplomacia.